Anura finalmente entrou no castelo de vidros e espelhos e começou a andar pelos longos corredores em busca de sua, até então, amiga imaginária. Mas o castelo era traiçoeiro e a cada passo, o sapo escritor via uma imagem distorcida de seu passado, às vezes ruim, às vezes boa de mais e aquilo tudo trazia saudade e esta trazia consigo dor.
Ele sabia que não seria fácil e que o caminho seria cheio de armadilhas perigosas e mesmo que aquilo tudo doesse como estilhaços em seu peito, educado pela santa mãe natureza, nosso herói continuou por meio de seus devaneios e assim passeou por fios de cabelos, gostos, cheiros, pêlos e beijos. A dor, de tão forte, até parecia indolor: estado vegetativo. Após muitas lembranças, angústia, desespero e raiva, ele bate numa porta de vidro fosco, esta se abre e ele entra pelo aposento. Bem no meio se encontrava Moema em sua forma feminina mais atraente.
A sala que os dois estavam era escura, mas podia se ver bem cada detalhe de todos os objetos. O chão era feito de calçada de praça antiga; as paredes eram decoradas com livros, discos e vinhos; no meio havia um tapete vermelho com bordas douradas que ligavam as duas únicas portas que poderiam ser usadas como saídas, uma no lado oposto da outra. Alguns outros objetos menos interessantes havia ali, mas o silêncio da observação foi quebrado pela moça:
- Você veio.
- Não sabia se devia, mas eu vim. Vim te contar uma história de ninar.
- Por favor, chegue mais perto.
- Não, está bom assim.
E Anura começou a narrar sua história e falou sobre uma indiazinha que sempre sonhava que era borboleta e sempre que esta indiazinha dormia, sempre embaixo da mesma palmeira, um pequeno sapo com o dom da palavra ia até seu ouvido e narrava as aventuras mais doces da linda borboletinha amarela. Disse que o sapinho gostava também de cantar uma melodia bonita que era para quando ela acordar, ficar com aquilo tudo em seu peito.
- E o sapo virou amigo da tal indiazinha? – Interrompeu Moema.
- Ainda não sei. Ele veio procurar por ela. Mas tudo é muito confuso e ela criou um mundo de imagens distorcidas e se trancafiou dentro dele, formando ao seu redor um grande labirinto. Ela já está nisso há muito tempo.
- Eu acho que você a achou... - Falou Moema meio sem jeito.
- E o que falta agora?
- Não sei. E o que falta agora?
O diálogo foi interrompido pelo silêncio e este por pequenos sorrisos. Os dois finalmente haviam se encontrado, não importava mais o que faltava, só era preciso andar, de preferência juntos. Então Anura toma fôlego e coragem, salta algumas vezes se aproximando e ouve de Moema:
- Contador de histórias...
- Princesa Moema... – Ele responde e convida – Conheço um lugar onde podemos colher ótimas cerejas, vamos comigo?
Moema olha para o longe, olha ao redor e para os espelhos. Ele percebe que ela chora um choro sem lágrimas e acaba pensando um pouco alto:
- Cheguei um pouco tarde.
Ela confirma com um gesto de cabeça e mesmo assim ele insiste:
- Vamos às cerejas?
Ela fala:
- Espera. Sou vou aqui resolver algo...
Ela se afasta um pouco, conversa com alguns espelhos, atravessa o tapete vermelho, abre a porta de vidro negro e some. O resto foi bem pior que a falta de qualquer coisa que já tenha existido: A lembrança de algo que nunca vai existir.
Ele sabia que não seria fácil e que o caminho seria cheio de armadilhas perigosas e mesmo que aquilo tudo doesse como estilhaços em seu peito, educado pela santa mãe natureza, nosso herói continuou por meio de seus devaneios e assim passeou por fios de cabelos, gostos, cheiros, pêlos e beijos. A dor, de tão forte, até parecia indolor: estado vegetativo. Após muitas lembranças, angústia, desespero e raiva, ele bate numa porta de vidro fosco, esta se abre e ele entra pelo aposento. Bem no meio se encontrava Moema em sua forma feminina mais atraente.
A sala que os dois estavam era escura, mas podia se ver bem cada detalhe de todos os objetos. O chão era feito de calçada de praça antiga; as paredes eram decoradas com livros, discos e vinhos; no meio havia um tapete vermelho com bordas douradas que ligavam as duas únicas portas que poderiam ser usadas como saídas, uma no lado oposto da outra. Alguns outros objetos menos interessantes havia ali, mas o silêncio da observação foi quebrado pela moça:
- Você veio.
- Não sabia se devia, mas eu vim. Vim te contar uma história de ninar.
- Por favor, chegue mais perto.
- Não, está bom assim.
E Anura começou a narrar sua história e falou sobre uma indiazinha que sempre sonhava que era borboleta e sempre que esta indiazinha dormia, sempre embaixo da mesma palmeira, um pequeno sapo com o dom da palavra ia até seu ouvido e narrava as aventuras mais doces da linda borboletinha amarela. Disse que o sapinho gostava também de cantar uma melodia bonita que era para quando ela acordar, ficar com aquilo tudo em seu peito.
- E o sapo virou amigo da tal indiazinha? – Interrompeu Moema.
- Ainda não sei. Ele veio procurar por ela. Mas tudo é muito confuso e ela criou um mundo de imagens distorcidas e se trancafiou dentro dele, formando ao seu redor um grande labirinto. Ela já está nisso há muito tempo.
- Eu acho que você a achou... - Falou Moema meio sem jeito.
- E o que falta agora?
- Não sei. E o que falta agora?
O diálogo foi interrompido pelo silêncio e este por pequenos sorrisos. Os dois finalmente haviam se encontrado, não importava mais o que faltava, só era preciso andar, de preferência juntos. Então Anura toma fôlego e coragem, salta algumas vezes se aproximando e ouve de Moema:
- Contador de histórias...
- Princesa Moema... – Ele responde e convida – Conheço um lugar onde podemos colher ótimas cerejas, vamos comigo?
Moema olha para o longe, olha ao redor e para os espelhos. Ele percebe que ela chora um choro sem lágrimas e acaba pensando um pouco alto:
- Cheguei um pouco tarde.
Ela confirma com um gesto de cabeça e mesmo assim ele insiste:
- Vamos às cerejas?
Ela fala:
- Espera. Sou vou aqui resolver algo...
Ela se afasta um pouco, conversa com alguns espelhos, atravessa o tapete vermelho, abre a porta de vidro negro e some. O resto foi bem pior que a falta de qualquer coisa que já tenha existido: A lembrança de algo que nunca vai existir.
- Fim? -