Ele me pegou no colo e beijou forte na bochecha, fazendo-me sentir cócegas devido aquela barba crespa tocando sutilmente meu rosto. Desabrochou sorrisos e mais sorrisos e eu ali, somente respondia de boca aberta de quem está se devertido. Então ele olhou-me nos olhos e me disse que era dele, todinha e que ia fazer comigo coisas que eu nem entendia direito, mas que eu gostava de ouvir, talvez pela pureza que ele transmitia no olhar enquanto falava. Sim, eu gostava.
Então ele me punha no berço e me levava para passear pelas ruas do bairro. Quando eu olhava pra cima, ele parecia mais homem, mais tarde vim descobrir que o nome daquilo era orgulho, orgulho de mim lógico, mas eu nem sabia, só gostava. E ele falava uma língua estranha com pessoas e depois essas pessoas vinham fazer caretas e gestos com a boca. A maioria me cuspia toda e depois me chamavam de chorona. Mas quem não iria chorar com uma monstra do pâtano toda despenteada cuspido e rosnando pra gente.
Eu gostava mesmo era do meu pai, ele sim sabia conversar comigo. Dava-me mil beijinhos toda de manhazinha e a noite voltava sempre com os olhos da saudade. Sim, eu gostava.